terça-feira, 21 de outubro de 2014

Governo Grátis

Nesse período que antecede a eleição, acho conveniente falar de um assunto que é muito comum no Brasil, o Governo Grátis.
Isso vem da sensação de que o orçamento público é infinito, capaz de atender qualquer necessidade.
Para ilustrar o que estou tentando dizer, usarei um exemplo:
Neste domingo, no programa Fantástico da Globo, houve uma reportagem falando de uma criança de 3 anos de Recife que precisa de um marca-passo cujo valor é de R$ 450 mil. A família entrou na justiça solicitando que o estado compre esse aparelho (por que não, a Constituição Federal garante que o estado forneça assistência de saúde universal), um juiz já determinou que o governo de Pernambuco deve comprar o aparelho.
Todo mundo fica comovido com uma história dessas, e o Fantástico ganhou alguma audiência com essa reportagem apelativa. Mas o que mais importa: de onde irá sair o dinheiro para essa compra. Com certeza, algum outro serviço de saúde dentro do mesmo orçamento deixará de receber o recurso. Talvez a UTI de algum hospital, quem sabe!  Mas o que é certo, é que esse dinheiro fará falta para alguém. Talvez salve o menino e mate outros 10. Não estou falando que a família está errada em solicitar isso na justiça, pois todo mundo faz ou faria algo parecido (pelo menos quem tem condições de pagar um advogado).
O que estou chamando a atenção é para o comportamento de redistribuição de renda inserido na economia brasileira. Existem bolsas para todas as classes econômicas: o Bolsa Família para o mais pobres; o Bolsa BNDES para os mais ricos; e a classe média/alta recebe outro tipo de bolsa como universidade pública gratuita, por exemplo. Criticamos a transferência de renda que a outra classe recebe, mas defendemos a nossa transferência de renda.
Todo mundo é a favor de uma reforma tributária "desde que diminua o imposto que pago e aumente o que não pago".
Agora, reflita um pouco, esse país tem algum futuro...

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Indiferença

Ontem foi o último debate para a eleição de presidente. Um evento capaz de tirar a dúvida de qualquer eleitor. Será?
O que se percebeu foi a similaridade entre os candidados. Alguém que está usando o programa de governo para decidir seu voto, deveria ser indiferente a qualquer candidato, já que todos são de esquerda.
A Marina que está tendo um programa com medidas ortodoxas (independência do BC) em dado momento ontem disse que o seu programa seria parecido com o da Genro. Que absurdo.
Mas existiram pérolas o tempo todo. A Genro disse que diminuirá juros e aumentará os tributos sobre bancos. Será que ela sabe o que é Spread?
Outro fato é que todos os candidatos falaram em eliminar o fator previdenciário, aumentar os gastos dos programas sociais e diminuir a carga tributária.
Assim,
(Bt/Rt) - Bt-1 = Gp - T - ((Mt/pt)-(Mt-1/pt))
Assumindo a restrição orçamentária acima, essa política só é  possível emitindo moeda e prejudicando a geração atual, ou aumentando a dívida pública prejudicando as gerações futuras.
Os candidatos sabem disso?
Estamos a pé com esses candidatos.